Give Me Psychokinesis!
Aqui comenta-se musica.
Wednesday, January 30, 2008
Aimee Mann e Porcupine Tree

Aimee Mann – Save me

Quando se ouve esta música pela primeira vez, enquanto simples seres-humanos e receptores de emoção, podemos, de facto, ficar “tocados”. Especialmente se formos surpreendidos pela sua batida melódica no final de um filme de três horas, mais conhecido por Magnolia.

Bom, no entanto, e referindo-me aos seus versos não muito diversos, estes têm um significado um tanto interessante. Penso que se trata de uma auto-reflexão e, no fundo, uma reflexão de todos nós. A autora confessa o quanto está perdida em problemas e em pensamentos acerca dos mesmos, de como precisa de alguém parecido como o Peter Pan ou como o Superhomem para a salvar. Porque, segundo Aimee, terá de ser mesmo um herói a fazê-lo. A meu ver, ela refere-se, antes de mais, a si mesma. E tenta, desesperadamente, tornar-se capaz de esquecer tudo e de amar.

Come on and save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone.

Pois é. Ouvimos a sua voz (uma mistura agradável de grave e agudo, num tom inteiramente adequado ao som da música) proferir determinados versos o tempo (quase) todo. Também não poderia ser de outra maneira pois a temática está camuflada nas ditas palavras. Nós, os “freaks”, incluindo a própria Aimee, não poderemos amar ninguém se não formos salvos (se não mudarmos). Temos problemas de auto-estima e nos preocupamos demasiado com o dia de amanhã – a solução pode ser amar. Será que o conseguimos verdadeiramente fazer?

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Album: Bachelor Number Two (or The Last Remains Of The Dodo)

Porcupine Tree – Piano Lessons

Para quem não sabe e procura saber, Porcupine Tree são uma banda inglesa com canções que variam entre rock e psychedelia. O vocalista é Steven Wilson, que inicialmente terá começado por cantar a solo. Vou-me basear essencialmente nele porque a letra foca-se no mesmo.

Bom, começa com uma das melhores melodias de sempre e prossegue com uma voz mais irónica do que propriamente substancial. Steven conta-nos a história da sua experiência pessoal, relatando os primeiros contactos tidos com um piano – e com as respectivas lições de piano. Depois critica, com a elegância de alguém que apenas pretende entreter, a professora que lhe ensinava a manusear o instrumento, sem esperanças relativas ao futuro de Wilson.

Na verdade, ele não quer ser uma estrela vulgar, como aqueles que não possuem fama por terem talento. Procura, segundo a música, não se tornar numa Christine Keeler – uma mulher que terá conseguído aparecer nas primeiras páginas de jornais por dormir com o primeiro-ministro.

O som suave, com uma batida atractiva de fundo, continua e Steve confessa que ele, de facto, quer ser reconhecido pela inteligência, pelos valores que são realmente valores. Depois lembra o passado, o inicio da canção. A sua professora a sonhar com uma fama que não fazia jus ao seu fraco talento.

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Album: Stupid Dream
Sunday, January 20, 2008
Stop the sun!

Poucos conhecem os Elysian Fields.
Quando a vocalista Jennifer Charles começa a cantar somos imediatamente levados para um bar underground de Nova Iorque, numa cena de filme. A sua voz calma e reconfortante dá vida às batida suaves de todas as musicas da banda.

Download de Stop the Sun do album Dreams That Breathe Your Name.

Download de Sugarplum Arches do album Bleed Your Cedar.

Outras musicas a ouvir: Bend Your Mind, Lions on the Store, Baby Get Lost, Set the Grass on Fire, Black Acres.
Saturday, January 19, 2008
whoop-a-woo.

Boa tarde, noite, ou qualquer que seja a altura do dia em que o estimado leitor, por alguma razão que desconheço, tenha decidido aventurar-se na leitura deste texto. Eu sei o que estão a pensar, mas agora é tarde de mais.

É com muito prazer que aqui me presto, a convite da Catarina, a redigir este deplorável conjunto de parágrafos com que vos brindarei de seguida. Mas, antes de mais, vou falar-vos um pouco sobre mim. Para que não me reconheçam na rua, posso dizer-vos apenas que sou um indivíduo sexagenário, mal parecido e que coxeio da perna esquerda.Tenho uma especial predilecção por programas de entretenimento, gosto de trautear clássicos dos Beatles no banho e, para além de apenas possuir um fígado, também sofro de incontinência. Sou, ainda, o dono deste lúgubre estaminé.

Queria aproveitar para lançar uma praga a todos os senhores e senhoras que esgotaram – muito provavelmente, apenas com a intenção de me arreliar - os bilhetes para o concerto dos The Go! Team desta noite, que terá lugar na Casa da Música, deixando-me não só extremamente indignado, como também sem assunto para falar no texto que tinha prometido à Catarina. Já que estou numa de lançar pragas, aproveito também para desejar que o senhor José Carlos Malato se atire de um precipício, e aterre em cima das Just Girls. Das quatro ao mesmo tempo.

Sou um amante confesso do movimento do Indie Rock. Trago-vos hoje uma banda que vem na senda de bandas britânicas como Bloc Party, Arctic Monkeys e Klaxons. Oriundos de Brighton – aliás, como os The Go! Team -, estes talentosos moçoilos, aclamados pela NME, lançaram, em 2007, o seu primeiro e único álbum: Colour It In. Falo dos The Maccabees, como já devem ter percebido. Músicas como X-Ray, Tissue Shoulders e Toothpaste Kisses (recentemente escolhida para figurar num spot publicitário da Samsung) conjugam a sonoridade melodiosa com os fabulosos solos de guitarra que pululam pelo curto, mas formidável álbum de estreia. É um pop-rock britânico, muito catchy e dançável, bem ao estilo da sua maior influência, também da minha predilecção: os Futureheads.

Deixo-vos com X-Ray, o hit da banda britânica do momento, na esperança de os ver actuar em Portugal, ainda em 2008. O single dispensa apresentações. Podem fazer o download aqui e visitar o myspace da banda.


Thursday, January 17, 2008
Pure Narcotic.
You find me wanting You find me bloodless but inspired You find me out You find me hallucinating fire No narcotics in my brain Can make this go away.

I'm sorry that I'm not like you.

A musica Pure Narcotic dos Porcupine Tree (album Stupid Dream).
Download: http://mihd.net/s068fn

Foi pedido a um convidado especial que escrevesse 10 linhas acerca do que quisesse. Aqui está o resultado:

"O mar revoltoso por vezes parece querer afundar o navio não passa de um copo de água na história do mundo.




As outras oito linhas enchem-se de ar."

Não sendo o resultado do seu agrado, o autor contempla-nos agora com um texto que a todos parecerá familiar. Não porque o vimos anteriormente, mas porque, de uma maneira ou outra, já faz parte das nossas vidas...

"Obviamente, vivemos na chuva. Quando não chove, é Domingo, e ao Domingo saímos para a rua e passeamos. Andamos e vagueamos sobre o negro céu, carregado de água pronta a chover em negro dilúvio toda a semana. Andamos e arrastamos os pés na lama, nas poças que reflectem a nossa face. Andamos e pisamos essas poças, distorcendo o nosso rosto, pondo-lhe um pé em cima. Ah, como é estranha a sensação, pisar a nossa cara, pontapear o nosso nariz ainda que apenas a duas dimensões, distorcer a nossa própria imagem num momento de estranhesa...E depois?


...Depois é Segunda, e andamos de Gurda-Chuva!"

André Carvalho.


Wednesday, January 16, 2008
Respekt!
Foi pedido a Rita Oliveira que fizesse uma apreciação de musicas raras de Regina Spektor, que compilou no artigo que se segue. A quem estiver interessado em ter as musicas basta pedir-me.

Baby Jesus
Regina tende a impressionar o seu público atento com valores morais camuflados de ternura e ironia. Esta música reflecte exactamente isso. Retrata o universo que se instalou em volta de peças representativas da religião católica e de como a própria Regina, Judeia, se sente perante tal.
Começa por nos lembrar da existência daquela estátua, do “Baby Jesus”, isto é, do menino Jesus, que toda a gente conhece e parece idolatrar. Descreve um pedacinho da sua vida preenchida dessas estátuas, dos seus respectivos fãs, de como o comerciante, enquanto católico, beija o “baby king” e sopra algo ao seu ouvido. Depois lá está, novamente, a estátua nas notícias, no metro…Regina, sentindo-se uma minoria num mundo católico, brinca com a situação e diz mesmo temer pela vida, numa frase brilhantemente cantada.
“They said, all the non-believers they get to eat dirt
and the believers get to spit on their graves...” é o refrão desta música ditada num tom que procura não ofender e, no entanto, é evidente que o faz. Os que não acreditam devem comer porcaria (?), os que acreditam cospem nos seus caixões. Pois que é um facto, é-o com certeza.


Human of the Year
Outra vez. Uma música com um certo fundamente religioso. Mas agora associado mais às crenças de Regina pois, de acordo com o Judaísmo, existe ressurreição. Nesta canção, a autora fala-nos do Homem do Ano, aquele que está na catedral, a tremer, receoso. Aquele que, na verdade, e isto na minha opinião, já viveu a sua vida e prepara-se para ir para o céu ou algo do género.
Regina, numa voz sempre potente, menciona a existência dos anjos que recebem, com as suas auras douradas, o homem que faleceu. Este sai da igreja e vê todos os outros – seus irmãos – e a catedral deseja o bem aos pecadores.
“Hallelujah” é a palavra mais repetida nesta melodia suave. Está em latim e significa, como é óbvio, aleluia, procurando dar ênfase ao divino.


Real Love
Das minhas preferidas e, sim, sei que não é da sua autoria mas sim um cover de John Lennon. De qualquer maneira, está um cover impressionantemente bem feito, interpretado e eu arriscaria dizer ainda mais bonito que o original. O tema parece comum, Real Love, mas é muito mais profundo que a maior parte das canções sobre amor que ouvimos habitualmente. Na verdade, sentimentos e emoções estão suficientemente expressos na voz de Regina e na sua entoação para também nós os sentirmos.
Fala de um amor verdadeiro, em torno do qual gira ou girará as nossas mais ínfimas atenções. É aquele que todos procuramos, mesmo se já nos apaixonámos por alguém, mesmo em crianças, porque corre nas veias a sua necessidade e é condição humana precisar dele.
No fundo, a letra desta música remete para o amor e para a paz e lembra que não é preciso ter medo (“no need to be afraid”) porque ele virá simplesmente.