Aimee Mann – Save me
Quando se ouve esta música pela primeira vez, enquanto simples seres-humanos e receptores de emoção, podemos, de facto, ficar “tocados”. Especialmente se formos surpreendidos pela sua batida melódica no final de um filme de três horas, mais conhecido por Magnolia.
Bom, no entanto, e referindo-me aos seus versos não muito diversos, estes têm um significado um tanto interessante. Penso que se trata de uma auto-reflexão e, no fundo, uma reflexão de todos nós. A autora confessa o quanto está perdida em problemas e em pensamentos acerca dos mesmos, de como precisa de alguém parecido como o Peter Pan ou como o Superhomem para a salvar. Porque, segundo Aimee, terá de ser mesmo um herói a fazê-lo. A meu ver, ela refere-se, antes de mais, a si mesma. E tenta, desesperadamente, tornar-se capaz de esquecer tudo e de amar.
Come on and save me
If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone.
Pois é. Ouvimos a sua voz (uma mistura agradável de grave e agudo, num tom inteiramente adequado ao som da música) proferir determinados versos o tempo (quase) todo. Também não poderia ser de outra maneira pois a temática está camuflada nas ditas palavras. Nós, os “freaks”, incluindo a própria Aimee, não poderemos amar ninguém se não formos salvos (se não mudarmos). Temos problemas de auto-estima e nos preocupamos demasiado com o dia de amanhã – a solução pode ser amar. Será que o conseguimos verdadeiramente fazer?
DownloadPorcupine Tree – Piano Lessons
Para quem não sabe e procura saber, Porcupine Tree são uma banda inglesa com canções que variam entre rock e psychedelia. O vocalista é Steven Wilson, que inicialmente terá começado por cantar a solo. Vou-me basear essencialmente nele porque a letra foca-se no mesmo.
Bom, começa com uma das melhores melodias de sempre e prossegue com uma voz mais irónica do que propriamente substancial. Steven conta-nos a história da sua experiência pessoal, relatando os primeiros contactos tidos com um piano – e com as respectivas lições de piano. Depois critica, com a elegância de alguém que apenas pretende entreter, a professora que lhe ensinava a manusear o instrumento, sem esperanças relativas ao futuro de Wilson.
Na verdade, ele não quer ser uma estrela vulgar, como aqueles que não possuem fama por terem talento. Procura, segundo a música, não se tornar numa Christine Keeler – uma mulher que terá conseguído aparecer nas primeiras páginas de jornais por dormir com o primeiro-ministro.
O som suave, com uma batida atractiva de fundo, continua e Steve confessa que ele, de facto, quer ser reconhecido pela inteligência, pelos valores que são realmente valores. Depois lembra o passado, o inicio da canção. A sua professora a sonhar com uma fama que não fazia jus ao seu fraco talento.
DownloadBoa tarde, noite, ou qualquer que seja a altura do dia em que o estimado leitor, por alguma razão que desconheço, tenha decidido aventurar-se na leitura deste texto. Eu sei o que estão a pensar, mas agora é tarde de mais.
Sou um amante confesso do movimento do Indie Rock. Trago-vos hoje uma banda que vem na senda de bandas britânicas como Bloc Party, Arctic Monkeys e Klaxons. Oriundos de Brighton – aliás, como os The Go! Team -, estes talentosos moçoilos, aclamados pela NME, lançaram, em 2007, o seu primeiro e único álbum: Colour It In. Falo dos The Maccabees, como já devem ter percebido. Músicas como X-Ray, Tissue Shoulders e Toothpaste Kisses (recentemente escolhida para figurar num spot publicitário da Samsung) conjugam a sonoridade melodiosa com os fabulosos solos de guitarra que pululam pelo curto, mas formidável álbum de estreia. É um pop-rock britânico, muito catchy e dançável, bem ao estilo da sua maior influência, também da minha predilecção: os Futureheads.
Deixo-vos com X-Ray, o hit da banda britânica do momento, na esperança de os ver actuar em Portugal, ainda em 2008. O single dispensa apresentações. Podem fazer o download aqui e visitar o myspace da banda.